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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Com educação financeira

 

Com educação financeira, correção da tabela do IR poderia reduzir endividamento

 Maria Inês Dolci, Advogada especializada na área da defesa do consumidor

  • Os bilhões de reais que continuarão no bolso dos brasileiros impactarão positivamente o consumo
  • Seria ainda melhor se parte desse dinheiro fosse utilizada para pagar ou reduzir dívidas

 Os bilhões de reais que continuarão no bolso dos brasileiros com a ampliação da faixa de isenção do IR (Imposto de Renda), de R$ 3.000 para R$ 5.000, e a isenção parcial para quem ganha de R$ 5.000 a R$ 7.350 impactarão positivamente o consumo das famílias.

Seria ainda melhor se parte desse dinheiro fosse utilizada para pagar ou reduzir dívidas. Em agosto, 71,78 milhões de brasileiros estavam com o nome negativado.

O endividamento das famílias é acompanhado por um dado assustador: a reincidência dos devedores. Em agosto, 83,95% dos que perderam o crédito eram reincidentes, pessoas que já haviam estado no cadastro de inadimplentes.

Corrigir a tabela do IR era uma medida mais do que urgente, e acredito que o Senado a aprovará, bem como o presidente Lula a sancionará. Aumentar a tributação, ao não reajustar as faixas de contribuição pela inflação, é um recurso que prejudica principalmente os mais pobres.

Continuaremos, contudo, com uma pendência histórica: a falta de educação financeira, ainda mais fundamental em um país no qual as taxas de juros são historicamente elevadas. Em agosto deste ano, os juros do cartão de crédito atingiram 451,5%! Como há uma trava do Banco Central, não podem ultrapassar 100%, o que anda é um juro absurdo.

 Não há como se reequilibrar financeiramente com dívidas corrigidas por tal juro. Além disso, negativados muitas vezes recorrem a financeiras que não exigem comprovante de renda e que ‘aceitam’ emprestar para quem tenha o nome em um cadastro de inadimplentes.

O ideal, nesses casos extremos, é recorrer à agência bancária de sua conta-corrente e solicitar empréstimos com juros menores do que os do cartão. Aposentados, pensionistas e trabalhadores formais (com registro em carteira) podem recorrer ao crédito consignado. Ainda assim, continuarão endividados até quitar seus débitos.

Há um fator histórico no Brasil, além das taxas de juros e do uso indiscriminado de cartões de crédito para consumo: os baixos salários. Isso faz com que muitas pessoas tentem ‘aumentar a renda’ artificialmente, devendo no cartão e em outras formas de crédito.

A Lei do Superendividamento, vigente desde 2021, trouxe inovações e instrumentos para renegociação de dívidas, mas, obviamente, o ideal é não ter de recorrer a eles. Uma dessas medidas extremas é a instauração, por um juiz, por solicitação do devedor, de um processo de repactuação de dívidas.

O governo federal lançou, em julho de 2023, o programa Desenrola Brasil, com o objetivo declarado de ajudar os brasileiros a recuperarem as condições de crédito. Segundo o Ministério da Fazenda, cerca de 15 milhões de pessoas foram beneficiadas nas três fases do programa, encerrado em 2024.

Ainda lá, em julho de 2023, comentávamos que, se fossem bem executados, o Desenrola e o pacote para baratear temporariamente carros, caminhões, ônibus e vans deveriam melhorar o segundo semestre daquele ano, mas que isso não substituiria permanentemente crédito mais barato, emprego formal e maior renda familiar.

A taxa de desemprego do Brasil ficou em 5,6% no trimestre encerrado em agosto, a menor registrada desde 2012, quando a série histórica começou. O crédito continua caríssimo. A renda familiar subiu em 2024, puxada pelo nível de emprego, mas continua baixa frente ao custo de vida.

A correção da tabela do IR melhorará a renda, obviamente, porque milhões deixarão de pagar imposto sobre o salário recebido. O nível de endividamento, contudo, dependerá do uso que for feito dessa, digamos, renda extra.

 

 

 

Veja perguntas e respostas sobre a nova isenção do Imposto de Renda

                                      

           Câmara aprovou redução de IR para quem ganha até R$ 7.350 e zerou imposto de quem recebe até R$ 5.000

         Projeto prevê que nova tabela do IR entrará em vigor em janeiro de 2026; texto ainda passará pelo Senado

O projeto de isenção do Imposto de Renda que foi aprovado pela Câmara dos Deputados na quarta-feira (dia 1º) e agora será analisado pelo Senado zera o desconto do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, reduz a tributação para quem fica na faixa dos R$ 5.000,01 a R$ 7.350 e criou uma tributação mínima para altas rendas. A proposta mantém isentos do IR rendimentos como poupança, herança e letras de câmbio. Tire as principais dúvidas sobre a reforma do IR que está em tramitação no Congresso.

Tire dúvidas

Como fica a tabela do Imposto de Renda?

 Quem é isento de Imposto de Renda?

 Quando começa a valer a isenção maior do Imposto de Renda?

Qual será a redução do imposto pago?

 Quem ganha mais de R$ 5.000 paga quanto de Imposto de Renda?

 Quantas pessoas serão beneficiadas?

Qual será a perda de arrecadação?

 Como essa perda será compensada?

 Quem será atingido pelo imposto mínimo?

 Como fica a tabela do Imposto de Renda?

A reforma aprovada na Câmara zera o IR para quem ganha até R$ 5.000 por mês e reduz o valor do imposto cobrado de quem tem ganhos entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 mensais. Não estão previstas mudanças na tabela para quem ganha mais do que R$ 7.350.

A tabela do IR não terá um reajuste geral para recompor a inflação, mas o projeto prevê que o governo enviará ao Congresso, em até um ano, projeto de lei prevendo uma política nacional de atualização dos valores da tabela de pessoas físicas.

Quem é isento de Imposto de Renda?

Hoje, na prática, a isenção é de até R$ 3.036 por mês. A faixa da tabela é de R$ 2.428,80 mensais, mas a Receita aplica automaticamente um desconto simplificado de R$ 607,20 que zera o IR de quem ganha até dois salários mínimos (R$ 3.036 em 2025).

Quando começa a valer a isenção maior do Imposto de Renda?

O projeto prevê a entrada em vigor da nova tabela em 1º de janeiro de 2026, mas o texto ainda precisa ser aprovado pelo Senado e sancionado pela Presidência da República.

Qual será a redução do imposto pago?

Quem ganha mais de R$ 5.000 paga quanto de Imposto de Renda?

Atualmente, quem ganha exatamente esse valor paga R$ 312,89 (alíquota efetiva de 6,25%), considerando o desconto simplificado.

Quantas pessoas serão beneficiadas?

A isenção maior deve beneficiar 16 milhões de cidadãos, incluindo os que ganham até R$ 5.000 e quem tem renda de até R$ 7.350, que pagará menos imposto do que atualmente.

Qual será a perda de arrecadação?

O custo é estimado em R$ 31,2 bilhões no ano que vem, valor do imposto que é repartido entre União, estados e municípios. Na versão original do texto, formulada pelo governo, esse impacto era estimado em R$ 25,84 bilhões.

Como essa perda será compensada?

O projeto prevê que a compensação seja feita pela criação do imposto mínimo sobre contribuintes de alta renda e pela retenção de IR sobre a remessa de dividendos ao exterior. Quando enviou a proposta, a equipe econômica já havia previsto uma espécie de gordura, isto é, a arrecadação com a taxação da alta renda era maior do que a previsão de perda de receitas com a desoneração da base. As estimativas oficiais apontaram um potencial de arrecadação de R$ 34,1 bilhões com as duas medidas em 2026, o que seria mais que suficiente para cobrir o custo da desoneração ampliada por Lira.

Quem será atingido pelo imposto mínimo?

O imposto mínimo de até 10% sobre a alta renda será cobrado de algumas rendas a partir de R$ 600 mil por ano. O alvo da medida são 141 mil contribuintes que recolhem, em média, uma alíquota efetiva de 2,5% —abaixo do que pagam profissionais como policiais (9,8%) e professores (9,6%). Quem já alcançou o mínimo no IR normal pago sobre salários e aluguéis, por exemplo, dificilmente terá tributação adicional. O contribuinte que tem renda predominantemente de dividendos, atualmente isentos, não deve escapar.

Quando começa a cobrança?

  • Em 2026, haverá retenção na fonte de 10% de imposto sobre a distribuição de lucros e dividendos, quando essa renda superar R$ 50 mil no mês
  • Em 2027, o total retido será considerado no cálculo do tributo a pagar ou a ser restituído quando o contribuinte fizer a declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física (ano-base 2026)

A distribuição de lucros obtidos até 2025 será tributada?

O texto da Câmara prevê que os lucros gerados até 2025 não estão sujeitos ao imposto mínimo ao fazer a entrega da declaração. Mas a distribuição do dinheiro precisa ter sido aprovada pela empresa até o final deste ano e a distribuição deve ocorrer até 2028.

Que rendas estão isentas do imposto mínimo?

Serão excluídos da base de cálculo os ganhos de capital (exceto os de Bolsa), heranças e doações, rendimentos de poupança, LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, rendimentos de certos fundos imobiliários (FIIs) e Fiagros, além dealgumas indenizações.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/10/veja-perguntas-e-respostas-sobre-a-nova-isencao-do-imposto-de-renda.shtml


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