A atuação desses profissionais ocorre de ponta a ponta. É tão ampla que engloba desde engenheiros, que buscam soluções técnicas para as obras e empreendimentos, até assistentes sociais, que orientam a comunidade sobre a importância da ligação na rede de esgoto e as boas práticas de consumo. Um dos principais requisitos para quem deseja atuar no setor é estar aberto à inovação e entender a importância e o potencial transformador do segmento.
Quais são as profissões mais recorrentes no trabalho com saneamento?
Nesse setor, existem diversas equipes com realidades bem distintas. O saneamento, pela própria natureza do negócio, é um segmento que, normalmente, têm carreiras mais ligadas à área ambiental, então é comum encontrar pessoas graduadas em Engenharias (Química, Ambiental, Civil, Elétrica e Mecânica) e em Ciências Biológicas.
Outros profissionais são:
· Tecnólogos em Saneamento;
· Técnicos em Saneamento;
· Técnicos em Gestão Ambiental;
· Técnicos em Eletromecânica.
Como o trabalho operacional requer a operação de bombas, equipamentos e estações de tratamento com uma parte de automação, é exigida uma formação mais específica. Isso engloba todo o trabalho de tratamento da água e dos esgotos, por exemplo. Químicos e biólogos atuam em laboratórios com análises em atividades correlatas, para garantir a qualidade dos serviços.
Além dessas áreas, que são consideradas como atividades-fim, também existem os setores de apoio, que são comuns em qualquer negócio, como: comunicação, financeiro, administrativo, jurídico, recursos humanos, entre outros.
Hoje, a área de saneamento está em crescimento, após a aprovação do novo Marco Legal, que amplia a participação privada no setor. Há muito investimento a ser feito, já que o saneamento é um dos gargalos do desenvolvimento do país. Mesmo em grandes cidades o índice de atendimento com coleta e tratamento de esgoto ainda é baixo.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dentre as 100 maiores cidades do país, 36 delas têm menos de 60% da população com coleta de esgoto. Ao todo, quase 100 milhões de brasileiros não têm acesso a esgotamento sanitário.
Além disso, a atividade de obras e construção para implantar a infraestrutura de saneamento nas cidades também acaba sendo uma atividade-fim do setor. Em Recife, onde a BRK Ambiental (empresa de capital privado) opera a maior Parceria Público-Privada de saneamento do Brasil, por exemplo, houve um investimento inicial de R$4 bilhões, justamente para recuperar e implantar novas áreas e novas redes.
Para isso, as equipes contam também com o pessoal que vai dirigir um caminhão hidrojato, por exemplo, que conta com equipamentos que lançam e sugam água para a limpeza e manutenção das redes. Há o operador de retroescavadeira, que vai abrir uma vala para que um time técnico especializado implemente uma conexão. E há também uma parte mais refinada de eletromecânica, de automação e de painéis de manipulação que é preciso controlar para que o sistema funcione de maneira adequada. Ou seja: é um setor muito democrático que precisa de profissionais qualificados para as mais diversas atividades.
Capacitação técnica e acadêmica
Com relação aos cursos de longa duração, os profissionais do saneamento básico podem fazer graduações ou tecnólogos. Há também a possibilidade dos cursos de média duração, como técnicos, especialização e pós-graduação. Se optar por um curso de curta duração, existem os específicos para exercício das atividades, como utilização e manutenção de equipamentos, máquinas, ferramentas etc.
Normalmente, um operador precisa ter apenas a formação como tecnólogo. Às vezes, só a experiência de nível médio até o nível técnico é suficiente para uma posição na área.
Formações nos níveis tecnólogo e bacharelado geralmente são encontrados nos casos de supervisão, coordenação e outros cargos de liderança. Desse modo, são 4 equipes principais que trabalham com atividades-fim:
· operação;
· manutenção;
· obra;
· comercial.
Quais são as atribuições dos profissionais de saneamento?
Algumas das atribuições mais técnicas dos profissionais de saneamento básico estão nas três frentes descritas abaixo:
· equipe operacional: cuida do tratamento de água e de esgoto;
· equipe de manutenção: cuida da parte de bombas e do bom funcionamento das redes de água e esgoto;
· equipe de eletromecânica: cuida da parte mecânica e elétrica das estações bem como da parte de equipamentos.
Como a equipe de eletromecânica trabalha com bombas, quadros elétricos e conexões, é necessário que os profissionais tenham habilitação para mexer nesses equipamentos, seja para fazer a manutenção em uma bomba, seja para fazer uma instalação ou desinstalação.
Na parte de obras, existe outra linha de carreira. Nesse segmento, contamos com o trabalho de pedreiros, ajudantes de obras, operadores de retroescavadeira, entre outros. É uma área mais voltada para a construção.
A atividade-fim na área de saneamento também inclui a área comercial, que conta com uma equipe de leituristas. São os profissionais que normalmente vão na casa das pessoas e fazem a leitura do hidrômetro. Em geral, essa profissão requer nível médio ou técnico.
Em resumo, pela complexidade da operação e dos requisitos técnicos que a boa prestação de serviços de saneamento requer, o setor acaba sendo restrito em termos formação, e as empresas acabam formando muita gente dentro de casa. Assim, muitos profissionais do setor de saneamento entram com pouca experiência ou com experiência em áreas correlatas e têm a oportunidade de se desenvolverem tecnicamente dentro das concessionárias.
Qual é a importância desses profissionais para a sociedade?
Os profissionais do saneamento básico são os responsáveis por viabilizarem o tratamento da água, que leva água potável para a população, e também a coleta, o tratamento e a destinação final dos esgotos. Ambos os serviços são fundamentais para a qualidade de vida da população e para a sustentabilidade.
Também existe uma relação importante entre saneamento e saúde. O setor de saneamento hoje é imprescindível no controle epidemiológico. Se você pensar no surto de dengue, por exemplo, verá que ele é propício a aparecer em lugares com água suja e parada. A transmissão do coronavírus é outro exemplo da importância do saneamento básico na prevenção de doenças infecciosas.
O impacto também é sentido na economia. Nas regiões onde não há saneamento, as pessoas acabam adoecendo mais e, consequentemente, faltam ao trabalho e utilizam mais os recursos do governo para assistência à saúde. Assim, o trabalho dos profissionais de saneamento é um trabalho preventivo, que garante inúmeros benefícios sociais e ambientais.
A demanda por profissionais do saneamento básico especializados na área é crescente. É possível atuar em planejamento e gestão ambiental, educação ambiental, uso e ocupação do solo, drenagem urbana, sistemas de abastecimento de água e de tratamento de esgoto, gestão dos resíduos sólidos, entre outros segmentos.
Fonte: Blog BRK Ambiental
J. Silva, ITZ-MA e Equipe